Características do Simbolismo:
a) Misticismo e espiritualismo – A fuga da realidade leva o poeta simbolista ao mundo espiritual. É uma viagem ao mundo invisível e impalpável do ser humano. Uso de vocabulário litúrgico: antífona, missal, ladainha, hinos, breviários, turíbulos, aras, incensos.
b) Falta de clareza – Os poetas achavam que era mais importante sugerir elementos da realidade, sem delineá-los totalmente. A palavra é empregada para ter valor sonoro, não importando muito o significado.
c) Subjetivismo – A valorização do “eu” e da “irrealidade”, negada pelos parnasianos, volta a ter importância.
d) Musicalidade – Para valorizar os aspectos sonoros das palavras, os poetas não se contentam apenas com a rima. Lançam mão de outros recursos fonéticos tais como:
Aliteração – Repetição seqüencial de sons consonantais. A seqüência de palavras com sons parecidos faz que o leitor menospreze o sentido das palavras para absorver-lhes a sonoridade. É o que ocorre nos versos seguintes, de Cruz e Sousa:
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpia dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes,
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
(Violões que Choram)
Assonância – É a semelhança de sons entre vogais de palavras de um poema.
e) Sinestesia – Os poetas, tentando ir além dos significados usuais das palavras, terminam atribuindo qualidade às sensações. As construções parecem absurdas e só ganham sentido dentro de um contexto poético. Vejamos algumas construções sinestésicas: som vermelho, dor amarela, doçura quente, silêncio côncavo.
f) Maiúsculas no meio do verso – Os poetas tentam destacar palavras grafando-as com letra maiúscula.
g) Cor branca – Principalmente Cruz e Sousa tinha preferência por brancuras e transparências.
3. AUTORES E OBRAS
CRUZ E SOUSA
NASCIMENTO E MORTE – João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis (SC), em 24 de novembro de 1861. Faleceu em Sítio (MG), em 19 de março de 1898.
FILHO DE ESCRAVOS – Os pais de Cruz e Sousa eram negros e escravos. Foram alforriados por seu senhor, o coronel (depois marechal) Guilherme Xavier de Sousa, de quem João da Cruz recebeu o último sobrenome e a proteção.
1871 – É matriculado no Ateneu Provincial Catarinense, onde estudou até o fim de 1875.
1881 – Parte para uma viagem pelo Brasil, acompanhando a Companhia Dramática Julieta dos Santos.
1884 – É nomeado promotor de Laguna, mas não pôde tomar posse porque os políticos racistas impugnaram a nomeação.
1885 – Estréia na literatura com Tropos e Fantasias, em colaboração com Virgílio Várzea.
Biografias - Autores:
O Simbolismo foi uma escola literária de poetas, que tinham colegas por todo mundo como o francês Charles Baudelaire, mas tinham pouco reconhecimento e aceitação artística. Vários de seus integrantes morreram pobres, não tiveram obras publicadas e permaneceram ou permanecem esquecido até hoje. As poesias simbolistas tinham alta musicalidade e usavam muitos elementos simbólicos.
Cruz e Sousa
Filho de ex-escravos, foi criado por um Marechal e sua esposa como um filho que nunca tiveram. João da Cruz e Sousa (1861-1898) estudou na melhor escola da região, casou-se e teve quatro filhos. Infelizmente, dois deles morreram e sua esposa enlouqueceu. Perseguido a vida inteira por ser negro, culminando com o fato de ter sido proibido de assumir um cargo de juiz só por isso, morre jovem de tuberculose, vítima da pobreza e do preconceito. Uma de suas obsessões era cor branca, como mostra a passagem a seguir.
"Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
de luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incenso dos turíbulos das aras..."
Alphonsus Guimaraens
Afonso Henrique da Costa Guimarães (1870-1921) teve uma juventude boêmia e dândi, mas abandonou-a pelo estudo da Engenharia, que abandonou pelo Direito. Jornalista e magistrado, foi morar em Mariana, de onde raramente saiu até morrer. Seus versos tinham musicalidade e sutileza para a atmosfera religiosa que inspiravam, como mostra a passagem a seguir.
"O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem açoitar o rosto meu.
E a catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu."
Emiliano Perneta
David Emiliano Perneta (1866-1921) nasceu e morreu em Curitiba. Formou-se advogado pela Universidade de São Paulo. Além de ter sido jornalista, advogado e professor de português, Perneta foi um dos fundadores do clube republicano de Curitiba e publicou, em livros, jornais e revistas, poesia e prosa poética simbolista.
Pedro Kilkerry
Pedro Militão Kilkerry (1885-1917) foi um dos vários poetas simbolistas quase anônimos. Pobre e boêmio, morreu tuberculoso em Salvador e sua obra só entrou em evidência em 1970, com ReVisão de Kilkerry. Sua poesia era forte e desconcertante, sendo uma das melhores do Simbolismo brasileiro. Observe a passagem que se segue.
"Primavera! - versos, vinhos...
Nós, primaveras em flor.
E ai! Corações, cavaquinhos
Com quatro cordas de Amor!"
Cruz e Sousa
Filho de ex-escravos, foi criado por um Marechal e sua esposa como um filho que nunca tiveram. João da Cruz e Sousa (1861-1898) estudou na melhor escola da região, casou-se e teve quatro filhos. Infelizmente, dois deles morreram e sua esposa enlouqueceu. Perseguido a vida inteira por ser negro, culminando com o fato de ter sido proibido de assumir um cargo de juiz só por isso, morre jovem de tuberculose, vítima da pobreza e do preconceito. Uma de suas obsessões era cor branca, como mostra a passagem a seguir.
"Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
de luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incenso dos turíbulos das aras..."
Alphonsus Guimaraens
Afonso Henrique da Costa Guimarães (1870-1921) teve uma juventude boêmia e dândi, mas abandonou-a pelo estudo da Engenharia, que abandonou pelo Direito. Jornalista e magistrado, foi morar em Mariana, de onde raramente saiu até morrer. Seus versos tinham musicalidade e sutileza para a atmosfera religiosa que inspiravam, como mostra a passagem a seguir.
"O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem açoitar o rosto meu.
E a catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu."
Emiliano Perneta
David Emiliano Perneta (1866-1921) nasceu e morreu em Curitiba. Formou-se advogado pela Universidade de São Paulo. Além de ter sido jornalista, advogado e professor de português, Perneta foi um dos fundadores do clube republicano de Curitiba e publicou, em livros, jornais e revistas, poesia e prosa poética simbolista.
Pedro Kilkerry
Pedro Militão Kilkerry (1885-1917) foi um dos vários poetas simbolistas quase anônimos. Pobre e boêmio, morreu tuberculoso em Salvador e sua obra só entrou em evidência em 1970, com ReVisão de Kilkerry. Sua poesia era forte e desconcertante, sendo uma das melhores do Simbolismo brasileiro. Observe a passagem que se segue.
"Primavera! - versos, vinhos...
Nós, primaveras em flor.
E ai! Corações, cavaquinhos
Com quatro cordas de Amor!"
Imagens do Simbolismo Brasil e Portugal: